Obesidade do peso normal e obesidade abdominal em praticantes de exercí­cio fí­sico: os "falsos magros" existem?

  • Cauê Vazquez La Scala Teixeira Grupo de Estudos da Obesidade, Laboratório Interdisciplinar de Doenças Metabólicas, Universidade Federal de São Paulo, Santos, SP, Brasil. Faculdade de Educação Fí­sica, Faculdade Praia Grande, Praia Grande, SP, Brasil.
  • Claudio Zanin Eduardo Seção de Avaliação Fí­sica, Secretaria de Esportes, Prefeitura Municipal de Santos, Santos, SP, Brasil
  • Leticia Andrade Cerrone Grupo de Estudos da Obesidade, Laboratório Interdisciplinar de Doenças Metabólicas, Universidade Federal de São Paulo, Santos, SP, Brasil
  • Kety Magalhães Konda Seção de Avaliação Fí­sica, Secretaria de Esportes, Prefeitura Municipal de Santos, Santos, SP, Brasil
  • Gilberto Monteiro dos Santos Grupo de Estudos da Obesidade, Laboratório Interdisciplinar de Doenças Metabólicas, Universidade Federal de São Paulo, Santos, SP, Brasil. Seção de Avaliação Fí­sica, Secretaria de Esportes, Prefeitura Municipal de Santos, Santos, SP, Brasil. Faculdade de Educação Fí­sica e Esportes, Universidade Santa Cecí­lia, Santos, SP, Brasil
  • Ricardo José Gomes Grupo de Estudos da Obesidade, Laboratório Interdisciplinar de Doenças Metabólicas, Universidade Federal de São Paulo, Santos, SP, Brasil. Departamento de Biociências, Universidade Federal de São Paulo, Santos, SP, Brasil.
Palavras-chave: Índice de massa corporal, Antropometria, Doenças cardiovasculares, Sobrepeso

Resumo

Introdução: Embora a eutrofia no índice de massa corporal (IMC) seja desejável para diminuição do risco cardiometabólico, pesquisas recentes têm atribuí­do risco elevado em sujeitos eutróficos no IMC, porém como elevado percentual de gordura corporal (%GC) (obesidade do peso normal) e obesidade abdominal (OA). Objetivo: analisar a prevalência de obesidade do peso normal (OPN) e OA em sujeitos eutróficos no IMC. Materiais e métodos: 204 voluntários (52,26 ± 14,18 anos), sendo 168 mulheres (52,02 ± 14,27 anos) e 36 homens (53,39 ± 13,90) praticantes de exercí­cio fí­sico participaram do estudo, que foi realizado em 3 fases: 1) toda amostra foi inicialmente submetida às avaliações de IMC, %GC e relação cintura-estatura (RCE); 2) somente os sujeitos eutróficos no IMC (n=83) foram avaliados separadamente para identificação da prevalência de OPN e OA; 3) dos sujeitos eutróficos, foram excluí­dos homens e mulheres com idade acima de 61 e 55 anos, respectivamente, e repetidas as análises de OPN e OA nos sujeitos restantes (n=52). Resultados: Na amostra geral, o %GC foi menor nos homens em relação às mulheres (18,61 ± 6,05 vs. 28,78 ± 5,24). Para idade, RCE e IMC, a análise estatística não revelou diferença significativa entre sexos. Nos sujeitos eutróficos (n=83), 14,9% das mulheres apresentaram OPN, representando 13,3% do total. Nenhum homem apresentou esse quadro. Nesse mesmo recorte amostral, 44,4% dos homens e 24,3% das mulheres apresentaram RCE acima do ideal, representando 26,5% dos eutróficos. Excluindo-se os sujeitos eutróficos acima de 61 (homens) e 55 anos (mulheres) (n=52), 14,9% das mulheres apresentaram OPN, representando 13,5% do total. Conclusão: Em sujeitos eutróficos no IMC, 13 e 26% da amostra apresentaram OPN e OA, respectivamente. A OPN foi observada exclusivamente em mulheres, enquanto a OA foi mais presente em homens.

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Publicado
2018-02-05
Como Citar
La Scala Teixeira, C. V., Eduardo, C. Z., Cerrone, L. A., Konda, K. M., dos Santos, G. M., & Gomes, R. J. (2018). Obesidade do peso normal e obesidade abdominal em praticantes de exercí­cio fí­sico: os "falsos magros" existem?. RBONE - Revista Brasileira De Obesidade, Nutrição E Emagrecimento, 11(68), 748-754. Recuperado de https://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/644
Seção
Artigos Cientí­ficos - Original

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