Influência da nutrição e obesidade na hiperuricemia e gota

  • Camila Silva Barra Programa de Pós-graduação Lato Sensu em Obesidade e Emagrecimento da Universidade Gama Filho - UGF
  • Carla Sousa Nunes Programa de Pós-graduação Lato Sensu em Obesidade e Emagrecimento da Universidade Gama Filho - UGF
  • Daniela Cristina Crecchi Bernardi Programa de Pós-graduação Lato Sensu em Obesidade e Emagrecimento da Universidade Gama Filho - UGF
Palavras-chave: Ácido úrico, Gota, Hiperuricemia, Obesidade, Purina

Resumo

A hiperuricemia é usualmente observada em pacientes com metabolismo anormal de purinas, incluindo a superprodução e excreção renal de ácido úrico. A gota é um tipo de artrite inflamatória que é ocasionada pela cristalização de ácido úrico nas articulações e está freqüentemente associada com hiperuri-cemia. A hiperuricemia tem como fator princi-pal a genética, contudo fatores ambientais também contribuem para sua formação, tais como, o álcool, a obesidade e ingestão elevada de purinas. A obesidade é um fator conhecido por aumentar a concentração de ácido úrico no plasma. A perda gradual de peso em paciente obesos é necessária para corrigir a hiperuricemia. O álcool é importante indutor de hiperuricemia e gota; a cerveja contém purinas (guanosina) que aumentam o efeito hiperuricêmico do álcool, o vinho, no entanto, contém fatores protetores. O consumo de alimentos ricos em purinas contribui substancialmente com o aumento da concentração de ácido úrico sérico, o que aumenta o risco para o desenvolvimento de gota. Este risco cresce com o consumo de carnes e frutos do mar, mas não aumenta com o consumo de vegetais ricos em purinas. Além disto, foi encontrada uma associação inversa entre o consumo de produtos lácteos, especialmente os desnatados, e a incidência de gota. Dietas restritas em purinas são eficazes em processo agudo gotoso, no qual se deve evitar acréscimo de purinas exógenas. Outras diretrizes dietéticas também podem ser adotadas, tais como, dietas ricas em carboidratos (50-55%) e baixo teor de gordura (<30%). Conclui-se que uma dieta corretora de sobrepeso, rica em frutas, verduras e lacticínios desnatados tendem a reduzir necessidades de medicação e o risco de ataques gotosos em pacientes com hiperuricemia.

Referências

- Choi, H.K.; Atkinson, K.; Karlson, E.W.; Willet, W.; Curhan, G. Purine-Rich Foods, Dairy and Protein Intake, and the Risk of Gout in Men. N Engl J Med. 2004; 350(11):1093-103.

- Choi, H.K.; Mount, D.B.; Reginato, A.M. Pathogenesis of Gout. Ann Int Med. 2005; 143(7): 499-516.

- Corbella, M.J.G. La Alimentación del Paciente Hiperuricémico: Manifestaciones Clínicas y Recomendaciones Dietéticas. Offarm. 2005; 24(9): 110-12.

- Decker, R.T. Cuidado Nutricional nas Doenças Reumáticas. In: Mahan, L.K.; Escott- Stump, S. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 9ª edição. Cap. 40. 917-18. Roca. São Paulo. 1998.

- Ene-Stroescu, D.; Gorbien, M.J. Gouty Arthritis: a Primer on Late-Onset Gout. Geriatrics. 2005; 60(7): 24-31.

- Formiguera, X.; Cantón, A. Obesity: Epidemiology and Clinical Aspects. Best Pract Res Clin Gastroenterol. 2004; 18(6): 1125-46.

- Fraxino, P.H.; Riella, M.C. Metabolismo do Ácido Úrico. In: Riella, M.C. Princípios de Nefrologia e Distúrbios Hidroeletrolíticos. 4ª edição. Cap. 14. Guanabara-Koogan. Rio de Janeiro. 2003.

- Loenen, H.M.J.A.; Eshuis, H.; Löwik, M.R.H.; Schouten, E.G.; Hulshof, K.F.A.M.; Odink, J.; Kok, F.J. Serum Uric Acido Correlates in Elderly Men and Women with Special Reference to Body Composition and Dietary Intake (Dutch Nutrition Surveillance System). J Clin Epidemiol 1990; 43(12):1297-03.

- Lozano, J.A. Hiperuricemia y Gota: Classificación, Clínica y Tratamiento. Offarm 2004; 25(5): 82-90.

- Lyu, L.C.; Hsu, C.Y.; Yeh, C.Y.; Lee, M.S.; Huang, S.H.; Chen, C.L. A Case-Control Study of the Association of Diet and Obesity with Gout in Taiwan. Am J Clin Nutr. 2003; 78: 690-01.

- Luk A.J.; Simkin, P.A .Epidemiology of hyperuricemia and gout.. Am J Manag Care. 2005; 11(15 Suppl): 435-42.

- Maduro, I.P.N.N.; Albuquerque, F.M.; Nonino, C.B.; Borges, R.M.; Marchini, J.S. Hiperuricemia em Obesas sob Dieta Altamente Restritiva. Arq Bras Endocrinol Metab 2003; 47(3): 266-70.

- Peixoto, M.R.G.; Monego, E.T.; Jardim, P.C.B.V.; Carvalho, M.M.; Sousa, A.L.L.; Oliveira, J.S.; Balestra Neto, O. Dieta e Medicamentos no Tratamento da Hiperuricemia em Pacientes Hipertensos. Arq Bras Cardiol 2001;76(6):463-67.

- PI-Sunyer, F.X. Comorbidities of overweight and obesity: current evidence and research issues. Med Sci Sports Exerc. 1999; 31(11 Suppl):602-8.

- Rho, Y.H.; Choi, S.J.; Lee, Y.H.; Ji, T.D.; Choi, K.M.; Baik, S.H.; Chung, S.; Kim, C.; Choe, J.; Lee, S.W.; Chung, W.T.; Song, G.G. The Prevalence of Metabolic Syndrome in Patients with Gout: a Multicenter Study. J Korean Med Sci. 2005; 20(6): 1029-33.

- Rott, K.T.; Agudelo, C.A. Gota. J Am Med Assoc. 2004; 2(3):185-89.

- Schlesinger, N. Dietary Factors and Hyperuricaemia. Curr Pharm Design. 2005; 11(32): 4133-8.

- Tsai, W.L.; Yang, C.Y.; Lin, S.F.; Fang, F.M. Impact of Obesity on Medical Problems and Quality of Life in Taiwan. Am J Epidemiol. 2004; 160(6): 557-65.

- Yamamoto, T.; Moriwaki, Y.; Takahashi, S. Effect of Ethanol on Metabolism of Purine Bases (hypoxanthine, xanthine, and uric acid). Clin Chim Acta. 2005; 356(1-2): 35-57.

Publicado
2007-02-04
Como Citar
Barra, C. S., Nunes, C. S., & Bernardi, D. C. C. (2007). Influência da nutrição e obesidade na hiperuricemia e gota. RBONE - Revista Brasileira De Obesidade, Nutrição E Emagrecimento, 1(1). Recuperado de https://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/7
Seção
Artigos Cientí­ficos - Original