Caracterização do perfil nutricional de pacientes com doença renal crônica em tratamento não dialítico atendidos em ambulatório de nefrologia

  • Ana Claudia Nunes Palmeira Alexandre Nutricionista Especialista do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, Campo Grande-MS, Brasil.
  • Larissa Jeffery Contini Nutricionista Especialista do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, Campo Grande-MS, Brasil.
  • Luís Felipe Lopes Lorenzon Nutricionista Residente do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, Campo Grande-MS, Brasil.
Palavras-chave: Estado nutricional, Tratamento conservador, Equipe multiprofissional

Resumo

Introdução: a Doença Renal Crônica (DRC) é classificada em cinco estágios, sendo que, a fase não dialítica compreende os estágios 2 a 4, com taxas de filtração glomerular (TFG) entre 90 e 15 ml/min/1,73 m2 respectivamente. Objetivos: caracterizar o perfil nutricional dos pacientes renais crônicos não dialíticos atendidos em ambulatório de nefrologia de um Hospital Terciário e oferecer subsídios que justifiquem a importância do acompanhamento nutricional a nível ambulatorial. Materiais e Métodos: foram realizadas aferições das seguintes medidas antropométricas: peso, altura, prega cutânea tricipital (PCT) e circunferência do braço (CB). A partir dessas variáveis foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC), a adequação da CB, circunferência muscular do braço (CMB) e PCT em percentuais (%). Para avaliação do consumo alimentar utilizou-se o Recordatório de 24h. Resultados e Discussão: participaram deste estudo 50 indivíduos, sendo a maioria idosos. Os resultados demonstraram que 100% relataram ter hipertensão arterial sistêmica (HAS). Quanto à classificação da DRC, 34% estavam no estágio 2. Quando avaliados por faixa etária notou-se que o IMC médio identificou excesso de peso em adultos e idosos, em ambos os sexos. Observou-se correlação diretamente proporcional entre o estágio da DRC e o consumo proteico (p<0,05), sendo que, o consumo de proteína por quilo de peso aumentou conforme o estágio da DRC. Embora não seja possível afirmar, os resultados sugerem que o aumento no consumo proteico estaria relacionado a piora da função renal. Conclusão: este estudo reforça a importância o atendimento multiprofissional, incluindo o profissional nutricionista aos pacientes em tratamento conservador.

Referências

-Amorim, R.G.; Moura, F.A.; Santos, J.C.F. Obesidade em portadores de doença renal crônica em fase não dialítica: um novo perfil nutricional. Gepnews. Vol. 1. Num. 4. 2018. p. 35-53.

-Barbosa, T.B.C.; Mecenas, A.S.; Barreto, J.G.; Silva, M.I.B.; Bregman, R.; Avesani, C.M. Avaliação longitudinal do estado nutricional de pacientes com doença renal crônica na fase não-dialítica. CERES: Nutrição & Saúde. Vol. 5. Num. 3. 2010. p. 127-137.

-Barbosa, A.C.S.C.S.; Salomon, A.L.R. Resposta inflamatória de pacientes com doença renal crônica em fase pré-dialítica e sua relação com a ingestão proteica. Comunicação em Ciências da Saúde. Vol. 22. Num. 4. 2013. p. 111-125.

-Blackburn, G.L.; Thornton, P.A. Nutritional assessment of the hospilizes patients. Medical Clinics of North America. Vol. 63. Num. 5. 1979. p. 1103-1115.

-Brasil. Portaria nº 389, de 13 de março de 2014. Define os critérios para a organização da linha de cuidado da pessoa com Doença Renal Crônica (DRC) e institui incentivo financeiro de custeio destinado ao cuidado ambulatorial pré-dialítico. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Brasília: Ministério da Saúde. 2014. p. 34 p.: il. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt0389_13_03_2014_rep.html>.

-Burr, M.L.; Phillips, K.M. Anthropometric norms in the elderly. Brazilian Journal Nutrition. Vol. 51. Num. 2. 1984. p. 165-169.

-Castro, M.C.M. Tratamento conservador de paciente com doença renal crônica que renuncia à diálise. Brazilian Journal of Nephrology. Vol. 41. Num. 1. 2019. p. 95-102.

-Cibulka, R.; Racek, J. Metabolic disorders in patients with chronic kidney failure. Physiological Research. Vol. 56. Num. 6. 2007. p. 697-705.

-Cichacewski, C.L.R.; Leinig, C.E. O papel das proteínas dietéticas na progressão da doença renal crônica de pacientes em estágio três e quatro. Revista Brasileira de Nutrição Clínica. Vol. 26. Num. 3. 2011. p. 216-21.

-Cuppari, L.; Kamimura, M.A. Avaliação nutricional na doença renal crônica: desafios na prática clínica. Brazilian Journal of Nephrology. Vol. 31. Num. 1. 2009. p. 21-27.

-Crews, D.C.; Bello, A.K.; Saadi, G. Editorial do Dia Mundial do Rim 2019 - impacto, acesso e disparidades na doença renal. Brazilian Journal of Nephrology. Vol. 41. Num. 1. 2019. p. 1-9.

-Diniz, D.P.; Carvalhaes, J.T.A. Equipes multiprofissionais em unidades de diálise: contribuição ao estudo da realidade brasileira. Brazilian Journal of Nephrology. Vol. 24. Num. 2. 2002. p. 88-96.

-Duenhas, M.R.; Draibe, S.A.; Avesani, C.M.; Sesso, R.; Cuppari, L. Influence of renal function on spontaneous dietary intake and on nutritional status of chronic renal insufficiency patients. European Journal of Clinical Nutrition. Vol. 57. Num. 11. 2003. p. 1473-1478.

-Fonseca-Alaniz, M.H.; Takada, J.; Alonso-Vale, M.I.C.; Lima, F.B. O tecido adiposo como centro regulador do metabolismo. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. Vol. 50. Num. 2. 2006. p. 216-229.

-Frisancho, A.R. New norms of upper limb fat and muscle areas for assessment of nutritional status. American Journal of Clinical Nutrition. Vol. 34. Num. 11. 1981. p. 2540-2545.

-Frisancho, A.R. Anthropometric standards for the assessment of growth and nutritional status. University of Michigan Press. 1990. 189 p.

-Hauschild, D.B.; Schieferdecker, M.E.; Leite, C.M.; Nascimento, M.M. Composição corporal de pacientes com doença renal crônica em tratamento conservador. Revista Médica da UFPR. Vol. 1. Num. 2. 2014. p. 47-53.

-Kdigo. Kidney Disease Improving Global Outcomes. Clinical Practice Guideline Update for the Diagnosis, Evaluation, Prevention, and Treatment of Chronic Kidney Disease-Mineral and Bone Disorder (CKD-MBD). Kidney International Supplements. Vol. 7. Num. 1. 2017. p. 1-59. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6340919/pdf/main.pdf>

-Kovesdy, C.P.; Furth, S.L.; Zoccali, C. Obesidade e doença renal: consequências ocultas da epidemia. Brazilian Journal of Nephrology. Vol. 39. Num. 1. 2017. p. 1-10.

-Lipschitz, D.A. Screening for nutritional status in the elderly. Primary Care. Vol. 21. Num. 1. 1994. p. 55-67. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8197257>

-Magalhães, F.G.; Goulart, R.M.M.; Prearo, L.C. Impacto de um programa de intervenção nutricional com idosos portadores de doença renal crônica. Ciência & Saúde Coletiva. Vol. 23. Num. 8. 2018. p. 2555-2564.

-Martins, C.; Cuppari, L.; Avesani, C.; Gusmão, M.H. Projeto Diretrizes. Terapia Nutricional para Pacientes na Fase Não Dialítica da Doença Renal Crônica. Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral e Associação Brasileira de Nutrologia. 2011. Disponível em: https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_para_pacientes_na_fase_nao_dialitica_da_doenca_renal_cronica.pdf>. Acesso em: 14/09/2018.

-Perusso, F.K.G.; Silva, F.A.R.P.O.; Werneque, I.C.; Farias, L.S.A.; Neto, W.M.S.; Junior, W.B.; Nunes, C.P. Alimentação e hábitos de vida na doença renal crônica. Revista Caderno de Medicina. Vol. 2. Num. 2. 2019. p. 123-133.

-Pinheiro, A.B.V.; Lacerda, E.M.A.; Benzecry, E.H.; Gomes, M.C.S.; Costa, V.M. Tabela para avaliação de consumo alimentar em medidas caseiras. 5ª edição. São Paulo. Atheneu. 2008. p. 131.

-Rocha, I. A.; Silva, F.V.C.; Campos, T.S.; Marta, C.B.; Lima, R.A. O Custo do Atendimento aos Pacientes com Doença Renal Crônica (DRC), em Fase Não Dialítica de um Hospital Universitário. Revista de pesquisa: cuidado é fundamental (online). Vol. 10. Num. 3. 2018. p. 647-655.

-Ruan, X.Z.; Varghese, Z.; Moorhead, J.F. An update on the lipid nephrotoxicity hypothesis. Nature Reviews Nephrology. Vol. 5. Num. 12. 2009. p. 713-721.

-Silva, S.T.; Ribeiro, R.C.L.; Rosa, C.O.B.; Cotta, R.M.M. Tratamento conservador: influência sobre parâmetros clínicos de indivíduos em hemodiálise. O Mundo da Saúde. Vol. 37. Num. 3. 2013. p. 354-364.

-Silva, S. T.; Ribeiro, R. C. L.; Rosa, C. O. B.; Cotta, R. M. M. Capacidade cognitiva de indivíduos com doença renal crônica: relação com características demográficas e clínicas. Brazilian Journal of Nephrology. Vol. 36. Núm. 2. p. 163-170. 2014.

-Silva Junior, G.B.; Benites, A.C.S.N.; Daher, E.F.; Matos, S.M.A. Obesidade e doença renal. Brazilian Journal of Nephrology. Vol. 39. Num. 1. 2017. p. 65-69.

-Soares, F.C.S.; Aguiar, I.A.; Carvalho, N.P.F.; Carvalho, R.F.; Torres, R.A.; Segheto, W.; Coelho, F.A.; Oliveira, M.A.C.A.; Andrade, F.M.; Costa, J.A. Prevalência de hipertensão arterial e diabetes mellitus em portadores de doença renal crônica em tratamento conservador do serviço ubaense de nefrologia. Revista Científica Fagoc Saúde. Vol. 2. Num. 1. 2017. p. 21-26.

-Souza, F.T.Z.; Oliveira, J.H.A. Sintomas Depressivos e Ansiosos no Paciente Renal Crônico em Tratamento Conservador. Revista Psicologia e Saúde. Vol. 9. Num. 32017. p. 17-31.

-Tonelli, M.; Riella, M. Doença renal crônica e o envelhecimento da população. Brazilian Journal of Nephrology. Vol. 36. Num. 1. 2014. p. 1-5.

-WHO. World Health Organization. Obesity Technical Report Series. Health Organization Consultation. Geneva. 2000. p. 252.

Publicado
2022-07-03
Como Citar
Alexandre, A. C. N. P., Contini, L. J., & Lorenzon, L. F. L. (2022). Caracterização do perfil nutricional de pacientes com doença renal crônica em tratamento não dialítico atendidos em ambulatório de nefrologia. RBONE - Revista Brasileira De Obesidade, Nutrição E Emagrecimento, 15(94), 440-452. Recuperado de https://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/1730
Seção
Artigos Cientí­ficos - Original