A cronodisrupção como fator de risco para o sobrepeso e obesidade?

  • Angela Zanatta Peruchi Curso de Nutrição, Universidade do Extremo Sul Catarinense-UNESC, Criciúma-SC, Brasil.
  • Carolina Michels Curso de Nutrição, Universidade do Extremo Sul Catarinense-UNESC, Criciúma-SC, Brasil.
  • Victor Marcelo Viana Curso de Nutrição, Universidade do Extremo Sul Catarinense-UNESC, Criciúma-SC, Brasil.
  • Emily Schulz Carboni Curso de Nutrição, Universidade do Extremo Sul Catarinense-UNESC, Criciúma-SC, Brasil.
  • Heitor Oliveira Santos Universidade Federal de Uberlândia-UFU, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Faculdade de Medicina, Uberlândia-MG, Brasil.
  • Thais Fernandes Luciano Curso de Nutrição, Universidade do Extremo Sul Catarinense-UNESC, Criciúma-SC, Brasil.
Palavras-chave: Cronobiologia, Relógio Circadiano, Trabalhadores Noturnos, Restrição de Sono, Obesidade

Resumo

Introdução: Concomitantemente com a incidência da obesidade, houve também uma redução do tempo de sono e/ou a troca do turno diurno para o turno noturno a fim atender as demandas do mercado de trabalho. Objetivo: O principal objetivo do presente estudo foi comparar se há diferença no índice de massa corporal (IMC) e glicemia de jejum entre os trabalhadores noturnos e diurnos. Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo descritivo, do tipo qualitativo, com temporalidade transversal e amostragem do tipo censitário, que avaliou parâmetros antropométricos, bioquímicos e alimentares de trabalhadores noturnos e diurnos. Foram analisados 44 trabalhadores, dos quais, 19 trabalhavam no período diurno e 25 no período noturno. Resultados: Os trabalhadores noturnos habitualmente realizavam com maior frequência refeições noturnas em comparação com trabalhadores diurnos, principalmente levando em consideração a ceia, em que aproximadamente 82% e 18% (p<0,001) consumiam frequentemente esta refeição, respectivamente. Dos trabalhadores noturnos, 19 dos 25 estavam acima do IMC considerado adequado, no qual 14 dos 25 tiveram o sono classificado como ruim e com distúrbio. Já em relação aos trabalhadores diurnos, 10 dos 19 indivíduos estavam acima do IMC considerado adequado e relataram qualidade do sono com distúrbio e ruim. Não houve piora na glicemia em jejum nos trabalhadores noturnos. Conclusão: Trabalhadores noturnos, além de realizarem refeições noturnas com maior frequência, apresentaram tendência em ter IMC elevado ao ponto de sobrepeso, com a maioria da amostra tendo o sono classificado como ruim e com distúrbio.

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Publicado
2022-11-17
Como Citar
Peruchi, A. Z., Michels, C., Viana, V. M., Carboni, E. S., Santos, H. O., & Luciano, T. F. (2022). A cronodisrupção como fator de risco para o sobrepeso e obesidade?. RBONE - Revista Brasileira De Obesidade, Nutrição E Emagrecimento, 16(102), 556-568. Recuperado de https://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/2067
Seção
Artigos Cientí­ficos - Original