A cronodisrupção como fator de risco para o sobrepeso e obesidade?
Resumo
Introdução: Concomitantemente com a incidência da obesidade, houve também uma redução do tempo de sono e/ou a troca do turno diurno para o turno noturno a fim atender as demandas do mercado de trabalho. Objetivo: O principal objetivo do presente estudo foi comparar se há diferença no índice de massa corporal (IMC) e glicemia de jejum entre os trabalhadores noturnos e diurnos. Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo descritivo, do tipo qualitativo, com temporalidade transversal e amostragem do tipo censitário, que avaliou parâmetros antropométricos, bioquímicos e alimentares de trabalhadores noturnos e diurnos. Foram analisados 44 trabalhadores, dos quais, 19 trabalhavam no período diurno e 25 no período noturno. Resultados: Os trabalhadores noturnos habitualmente realizavam com maior frequência refeições noturnas em comparação com trabalhadores diurnos, principalmente levando em consideração a ceia, em que aproximadamente 82% e 18% (p<0,001) consumiam frequentemente esta refeição, respectivamente. Dos trabalhadores noturnos, 19 dos 25 estavam acima do IMC considerado adequado, no qual 14 dos 25 tiveram o sono classificado como ruim e com distúrbio. Já em relação aos trabalhadores diurnos, 10 dos 19 indivíduos estavam acima do IMC considerado adequado e relataram qualidade do sono com distúrbio e ruim. Não houve piora na glicemia em jejum nos trabalhadores noturnos. Conclusão: Trabalhadores noturnos, além de realizarem refeições noturnas com maior frequência, apresentaram tendência em ter IMC elevado ao ponto de sobrepeso, com a maioria da amostra tendo o sono classificado como ruim e com distúrbio.
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