O papel do deslocamento passivo na prevalência de gordura corporal em adolescentes
Resumo
Nas últimas décadas, observamos uma queda no deslocamento ativo para a escola e um aumento preocupante na obesidade entre adolescentes. Este estudo envolveu 2.694 adolescentes de Porto Velho-RO, com 40,7% frequentando escolas particulares e 59,3% escolas públicas. O deslocamento para a escola foi avaliado por meio de um questionário, com medidas de peso e estatura coletadas para calcular o índice de massa corporal (IMC) e dobras cutâneas tricipital e subescapular para estimar o percentual de gordura corporal (%G). A análise estatística incluiu regressão logística binária para identificar associações entre excesso de peso, %G e modos de deslocamento (ativo ou passivo). A prevalência de excesso de peso foi mais notável entre aqueles que optaram pelo deslocamento passivo (82,7%), especialmente no sexo feminino (83,8%) e entre os que tinham excesso de %G (81,3%, feminino: 83,3%). Após ajustes, o excesso de peso manteve associação significativa com o deslocamento passivo (24,6%, OR=1,37; IC95%: 1,07-1,78), com maior risco para o sexo feminino (22,6%, OR=1,91; IC95%: 1,07-2,77) e para aqueles com %G elevado (64,1%, OR=2,05; IC95%: 1,17-3,00, feminino: 69,2%, OR=1,98; IC95%: 1,08-2,88). Portanto, é urgente implementar políticas públicas que incentivem o deslocamento ativo para a escola entre os adolescentes, como medida para conter o crescimento do excesso de peso e do %G. Essas ações podem ter um impacto positivo na saúde e bem-estar dos adolescentes em fase de desenvolvimento.
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