Relação entre o risco cardiovascular e os parâmetros antropométricos de pessoas com hepátite B e/ou C atendidas num hospital público de referência na Amazónia

  • Manuela Maria de Lima Carvalhal Núcleo de Medicina Tropical, Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil.
  • Rayzza Marcelly Jesus da Silva Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil.
  • Tayna Carvalho Pereira Programa de Pós-graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil.
  • Camila Rodrigues Monteiro Hospital Regional do Litoral Norte, São Paulo, São Paulo, Brasil.
  • Ismari Perini Furlaneto Curso de Medicina, Centro Universitário do Pará, Belém, Pará, Brasil.
  • Lizomar de Jesus Maués Pereira Móia Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil; Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade do Estado do Pará, Belém, Pará, Brasil.
  • Daniela Lopes Gomes Programa de Pós-Graduação em Neurociências e Comportamento, Teoria do Comportamento e Núcleo de Pesquisa, Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil.
  • Juarez Antônio Simões Quaresma Núcleo de Medicina Tropical, Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil; Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, São Paulo, Brasil.
Palavras-chave: Hepatite C, Hepatite B, Risco cardiovascular

Resumo

Introdução: Os indivíduos com hepatites virais apresentam alterações metabólicas e do estado nutricional. Assim sendo, a avaliação antropométrica permite identificar alterações na composição corporal que refletem o risco cardiovascular (RCV). Objectivo: Avaliar a relação entre o RCV e os parâmetros antropométricos das pessoas com hepatites B e/ou C. Materiais e métodos: Estudo transversal, descritivo e analítico, realizado de agosto de 2020 a agosto de 2021. Foram avaliadas questões socioeconómicas, demográficas, caracterização clínica e antropométrica (peso, altura, índice de massa corporal-IMC, perímetro do pescoço, perímetro abdominal-CA, perímetro da cintura-CC, perímetro da anca-CQ, relação cintura-estatura-RCE, relação cintura- cintura-anca-RCQ e índice de adiposidade visceral-IAV). Além disso, foi realizada uma estratificação do RCV, sendo classificados em muito alto, alto, intermédio ou baixo. Para análise foi utilizado o teste G ou Qui-Quadrado de independência, e análise de regressão logística multinomial, considerando um nível de significância de p<0,05. Resultados: 145 indivíduos com hepatites B e/ou C, com idades de 53,54±12,14 anos, sendo 53,10% do sexo feminino. Verificou-se uma associação entre o RCV e o sexo (p<0,001), o grupo etário (p<0,001), o diagnóstico de hepatite (p<0,001), a DM2 (p<0,001), a HAS (p<0,001), a RCE (p=0,042) e o IAV (p=0,014). Da análise de regressão, o modelo contendo a idade e o IAV foi significativo (p<0,0001) para o sexo feminino, e o modelo contendo a idade, o IAV e a CA (p<0,0001) para o sexo masculino. Conclusão: Sugere-se a utilização da CA para a avaliação do RCV no sexo masculino e do IAV para ambos os sexos, de pessoas com hepatites virais, pois são ferramentas práticas e de baixo custo.

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Publicado
2025-07-14
Como Citar
Carvalhal, M. M. de L., Silva, R. M. J. da, Pereira, T. C., Monteiro, C. R., Furlaneto, I. P., Móia, L. de J. M. P., Gomes, D. L., & Quaresma, J. A. S. (2025). Relação entre o risco cardiovascular e os parâmetros antropométricos de pessoas com hepátite B e/ou C atendidas num hospital público de referência na Amazónia. Revista Brasileira De Obesidade, Nutrição E Emagrecimento, 19(119), 227-237. Obtido de https://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/2685
Secção
Artigos Cientí­ficos - Original